terça-feira, 5 de outubro de 2010

Amar por quem não Te ama

Há cerca de um mês, enquanto conversava a respeito dos rumos que a juventude católica tem trilhado, me veio ao coração uma imagem que jamais tive a ousadia de pensar. Creio por isso que me tenha sido genuinamente inspirada pelo coração de Deus. Na imagem, eu me via entrando pelo corredor central de uma imensa igreja. Sobre o altar, ladeado por duas velas, via o ostensório expondo à adoração o Santíssimo Corpo de Cristo. Porém, todo o templo estava vazio. E além de vazio, parcamente iluminado pelas velas do altar e por frios feixes de luz que atravessavam os vitrais. O altar e o presbitério desnudos, vazios de qualquer ornamento que honrasse a presença Eucarística de nosso Senhor. E ao aproximar-me um pouco mais, pude discernir no chão da igreja, caídas, estilhaçadas, as imagens dos santos que compunham a beleza contemplativa do templo. Esta era a cena que me vinha aos olhos do coração: as imagens dos santos espedaçadas pelo chão do templo frio e vazio, em cujo altar a Presença Eucarística de Nosso Senhor Jesus Cristo permanecia solitária e esquecida.
Com profunda tristeza no coração eu pensava no que podia significar essa imagem e o que me queria dizer o Senhor com ela. Ao longo dos dias em que passava pensando no assunto e na imagem, ia sentindo que algo muito intenso crescia em mim, um firme desejo de responder com maior doação e entrega aos sonhos Dele para nós, juventude católica PHN. Buscar mais intensamente Sua Vontade para que Ele me sustente na santidade que me inspira. Sentia então que ia chegando ao significado dos detalhes da imagem que me dera o Senhor e que aqui desejo partilhar.
A primeira coisa que compreendi foi a respeito da presença de Jesus sobre o altar mesmo na fria solidão daquele templo. Sentia no coração a profunda certeza de que Ele sempre estará sustentando a Sua Igreja, em eterna oblação no Calvário do Altar. Exposto, entregando-se eternamente como alimento de santidade aos que compõem o corpo místico da Esposa do Cordeiro. Mas logo senti outra indagação na alma: se está o Senhor exposto no altar, onde estão os ornamentos e flores que deveriam enaltecer o Trono Eucarístico do ostensório? E mais ainda: onde estão os adoradores?
A resposta veio-me como um raio, ferindo e incendiando meu coração. Sentia como se o Senhor me dissesse: “Já não há mais adoradores! É preciso que minha juventude volte a estar aqui diante de mim!”. E esta é a mensagem que gostaria de dividir aqui com meus irmãos de caminhada: As flores que adornam o altar de Nosso Senhor Jesus Cristo são a nossa juventude entregue a um verdadeiro espírito de adoração. Nós somos os ornamentos que atrairão os olhos e corações para Jesus. Somos nós as flores que, sem renunciar à nossa beleza particular, apontamos tão somente para Ele, e unicamente por Ele temos razão de estar aí. “Quantas vezes estamos na igreja por todos os motivos do mundo, menos por causa de Jesus Cristo?” eu me perguntava. Nossa energia de jovens, entusiasmo, alegria e até a santa rebeldia da juventude precisa mais do que nunca florir e perfumar a Igreja, para que o mundo veja em nós o sinal da nova humanidade gerada a partir do mistério da tumba vazia. Uma juventude ressurrecta, curada, alimentada na Eucaristia, com uma fornalha de amor no peito! Precisamos honrar o mistério Eucarístico tal quais as flores que honram o altar de Cristo em Sua Santa Igreja!
Como se já não fosse o bastante tudo isso, ainda uma parte da imagem não compreendia: por que jaziam quebradas, destruídas, as imagens dos Santos da Igreja? Senti mais uma vez a voz do Senhor dizendo-me: “Os fiéis estão caindo! É preciso ser fiel por aqueles que já não são!”. É chegado o tempo de a juventude católica assumir para si a santidade que Deus espera de nós! Basta de vidas vazias e santidade de vitrine! É tempo de testemunharmos autenticamente o amor de Cristo, testemunho fiel e decidido no lugar dos que não são fiéis. Ao mesmo tempo vemos tantos irmãos de caminhada caídos, cansados, desmotivados, entregues a prisões das quais o Senhor já os tinha libertado... Portanto, nosso testemunho, antes de ser jogado na cara desses que se perderam, precisa ser um testemunho sacrifical, de amor pelo Senhor no lugar dos que Dele se esqueceram; precisamos viver um testemunho intercessório, que leve ao altar de Deus estas almas preciosas que Ele deseja ter de volta em Sua Casa; e um testemunho incendiário, que lhes abrase o coração e lhes dê o desejo de voltar ao coração de Deus.
Em cada inspiração que me dava o Senhor acerca da imagem, uma certeza me vinha ao coração: somente por meio de um profundo amor eucarístico tal testemunho será possível! Um amor eucarístico em dois sentidos: primeiro, um coração profundamente tocado por Deus, adorador do corpo, sangue, alma e divindade de Jesus na Eucaristia. E enfim, um amor com o Coração Eucarístico do Senhor, coração rasgado, entregue, consumido de amor pelos irmãos.
Confesso que muito mais do que um canal desta mensagem do Senhor à juventude, sinto-me alvo dela. Ainda que soasse absurdo, senti desde o inicio que vinha de Deus a inspiração desta reflexão e não poderia trancafiá-la em mim. Longe de sentir-me isento de tudo isso, desejo ser o primeiro a ser tocado pela voz de Deus para que Ele me leve a ser ainda mais fiel aos Seus desígnios. Desejo estar diante Dele e adornar seus átrios com a flor da minha juventude, e trazer para o Seu altar, no meu coração, todos que um dia ouvirão a voz de Deus se eu tiver a coragem de viver com fidelidade o meu testemunho.
Desejemos isso, Geração PHN!
Sejamos fiéis na santidade, pois há almas a serem salvas por força do nosso testemunho!


“Te amar por quem não te ama
Te adorar por quem não te adora.
Esperar por quem não espera em Ti,
E pelos que não crêem eu estou aqui!”
Com carinho e orações
Roberto Amorim



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